Embora
se soubesse o preocupante currículo do presidente, e que as expectativas fossem
pouco alvissareiras, estamos vivenciando um verdadeiro pesadelo, acima de
qualquer cenário imaginável.
Um presidente, que se acha um “mito”, quando na verdade
conduz o País para o abismo, ao tentar negar a gravidade da pandemia e
incentivar a população para ir às ruas e, ainda, ele mesmo, provocar
aglomerações, dando um péssimo exemplo.
Triste de ver o incentivo ao ódio, às armas e à
intolerância. Um governo completamente
desorientado, perdido em suas ações.
Pôde-se ter uma ideia, pelo vídeo da reunião ministerial da baixíssima
qualidade do presidente e de seus principais ministros, que ao invés de
pensarem em projetos e programas para o bem do Brasil, ficam destilando
palavras venenosas e incitando o ódio e o terror.
É de se estarrecer que o governo, em meio a pandemia,
tenha trocado por duas vezes os ministros da saúde e não ter um projeto sério
de enfrentamento e proteção contra o perigo da exposição ao vírus. Menos mal
que, diversos governadores e prefeitos, tomaram atitudes e conseguiram
estabelecer medidas sérias, seguindo as orientações da ciência. Nos principais
ministérios se observa uma verdadeira confusão, falta de planejamento e
retrocessos. Destaca-se os desastres na gestão da educação, da cultura, do meio
ambiente, das políticas públicas de defesa aos povos indígenas, da assistência
social, do combate à discriminação de gênero e etnia, entre outros temas fundamentais.
Vivemos em uma democracia e devemos respeitar o resultado
das urnas. Em nenhum momento comentei algo negativo sobre o eleitor que votou
no atual presidente, pois tenho certeza que muitos queriam, verdadeiramente,
uma mudança de rumos.
Mas todos os limites foram extrapolados. Os ataques
constantes do presidente e daqueles que compõem a cúpula do governo aos
princípios constitucionais, às instituições como o Supremo Tribunal Federal e o
Congresso Nacional, fogem ao bom senso e à razoabilidade.
Não se trata mais de ideologia, de ser de esquerda ou de
direita, mas o que está em jogo é a própria democracia. Necessário que todas as
pessoas que defendem a democracia, independentemente de partido político ou de
ideologia, estejam unidas em prol da liberdade. Há necessidade de uma grande
frente democrática, a exemplo do que ocorreu no movimento “Diretas Já”, em
1984.
Uma lástima o presidente não ter o bom senso de
renunciar, pois seria menos desgastante do que passarmos novamente por um
processo de impeachment. O fato é que há indícios do presidente ter participado
de diversos crimes de responsabilidade: quebra de decoro; abuso de poder e
atentar contra a Constituição. Estes fatos precisam ser investigados e
julgados.
O
presidente desde o início do governo demonstrou que não queria união do País,
ao contrário buscou a provocação, a intriga e o autoritarismo.
Chama a atenção, o fato do desgaste maior do governo ter
sido provocado pelos seus próprios apoiadores, e não pela oposição. Ocorreu (e ocorre) uma verdadeira
autodissolução do governo. Diversas lideranças que compunham ou apoiavam o
governo, foram percebendo que as propostas do presidente expostas em sua
campanha eleitoral, na prática eram falsas. Daí o afastamento do “super ministro” Sérgio Moro e dos ministros Gustavo Bebiano, Luiz Carlos Mandeta, Santos Cruz e do próprio
Nelson Teich.
Além disso diversos governadores e parlamentares que
antes apoiavam o governo, perceberam que predomina o descontrole, falta de
gestão, a perseguição política, a influência obscura dos filhos do presidente.
Estes eram da base, apoiaram a eleição do presidente Bolsonaro, mas perceberam
o descalabro e o desatino na condução do governo. Agora a oferta de cargos em
troca de apoio político, resta comprovada a propaganda enganosa da campanha
eleitoral.
Há uma verdadeira autodissolução, um degelo do governo,
que além disso vem perdendo cada vez mais o apoio popular e deixando uma
péssima imagem do País, no exterior.
Importante, neste momento, a união de todos que defendem
a democracia, a Constituição, para evitar o retrocesso de uma intervenção
militar, requerida pelas forças obscuras, com o apoio do Presidente da
República.
Resumidamente, pelos fatos acima expostos (e outros
tantos), manifesto a minha opinião favorável que o presidente responda pelo
processo de impeachment, nos moldes da nossa Constituição Federal, sendo
preservada a democracia e a liberdade.
* Rogério Araújo de Salazar
Advogado e Primeiro Secretário da Executiva do PSB RS
Fonte: Comunicação PSB RS