Artigo- Vidas negras importam: diga não ao racismo

04/06/2020 (Atualizado em 04/06/2020 | 17:28)

É difícil encontrar no Brasil um negro que não passe cotidianamente por uma situação de racismo. Impossível, até poderia dizer. Independentemente de classe social, vemos o preconceito brotar em diversos momentos do dia a dia. Só quem é negro percebe certas atitudes, ainda que discretas, como olhares de seguranças e funcionários de lojas quando entramos numa delas, já pensando que por ser negro vai ocorrer algum crime. É difícil, mas a negritude e a sociedade não podem mais tolerar desde pequenos atos e pensamentos, como o citado, até a intimidação e violência policial, que não raro culmina na morte de um negro ou de uma negra.

No Brasil, uma abolição da escravatura mal feita, que não incluiu de pronto a comunidade negra no mercado de trabalho da época, por exemplo, é uma das causas mais evidentes dos motivos que levam essa parcela da população a ser marginalizada até hoje. Na indústria cultural mesmo, desde sempre negros são colocados em papéis como serviçais dos patrões brancos, em filmes, novelas, séries, etc. Vemos ainda, nos empregos em geral, negros em funções menos valorizadas e ganhando menos que brancos, assim como acontece com as mulheres. Na educação, ainda temos que enfrentar pessoas contrárias ao sistema de cotas. Pior ainda, gente que frauda a inscrição em processos seletivos de universidades públicas para ocupar a vaga de um afrodescendente.

A dita elite financeira de nosso país nos vê apenas como mão de obra barata. Para eles, um negro tem serventia quando lhes serve um prato num restaurante, varre a sua casa, carrega as suas compras ou faz um gol para o seu time. De resto, fazem de conta que nutrem algum apreço pela negritude quando, na verdade, querem perpetuar essa condição, dificultando a evolução do indivíduo e do coletivo, tudo em nome do seu bem estar. Isso é racismo, é covardia. Não é de se admirar que a bolha tenha estourado e hoje a questão esteja em pauta no planeta, gerando protestos de todo tipo. Pois precisamos continuar lutando por nossos direitos, sem recuar um milímetro sequer, para que tenhamos uma sociedade que nos valorize, inclua, seja digna conosco e nos respeite. Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista!

Paulo Leites 
Secretário Estadual da Negritude Socialista Brasileira do PSB RS

Fonte: Comunicação PSB RS