Deputada Franciane defende ações efetivas para enfrentar queda no atendimento a doenças crônicas

10/06/2020 (Atualizado em 10/06/2020 | 16:54)

"Precisamos pensar juntos medidas efetivas para que os cidadãos consigam acessar os seus exames, o seu diagnóstico e o se tratamento com dignidade neste momento de pandemia por causa do coronavírus. Chega de perder vidas para quaisquer tipos de doenças". O apelo foi feito pela deputada estadual Franciane Bayer durante reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, realizada na manhã desta quarta-feira (10) com entidades ligadas ao tema, para debater a queda dramática nos atendimentos a outras doenças que não a Covid-19 e as implicações desse fenômeno.
Franciane Bayer, que preside na ALRS as frentes parlamentares em Defesa da Nefrologia e sobre o Câncer na Mulher, vem buscando soluções para o problema após identificar a necessidade de esclarecer como está se dando o encaminhamento de pacientes com doenças crônicas e quais os protocolos adotados para que estas pessoas, que representam um grupo de risco, se sintam seguras para dar continuidade aos tratamentos, aos exames e diagnósticos no sistema de saúde. Proponente da reunião, ela voltou a defender uma ampla campanha para que as pessoas fossem conscientizadas e esclarecidas acerca de seus tratamentos. "Podemos usar os canais de comunicação da Assembleia Legislativa para disseminar a importância das pessoas continuarem buscando seus médicos, o diagnóstico e o tratamento adequado. E mais uma vez reitero que quero ouvir da Secretaria de Saúde quais os protocolos, as orientações aos prefeitos e gestores dos hospitais para enfrentar as demais doenças", disse.
Participaram da discussão representantes da Federação das Santas Casas, da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS), Eduardo Freire, do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS), do Conselho Regional de Medicina (CREMERS), do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSEMS/RS) e da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre.
O presidente da Federação das Santas Casas, André Lagemann, disse que a situação era muito diferente em cada região do estado. Citou o caso do Vale do Taquari, por exemplo, onde houve um número de casos muito grande, com lotação máxima dos leitos de UTI no final de abril, e agora esse número decrescia. "Parece que o pico já chegou em algumas regiões e não chegou ainda em outras", avaliou, frisando o termo "parece". Segundo ele, a campanha para que as pessoas ficassem em casa realmente funcionou e hoje os hospitais, tanto públicos como privados, tentavam retomar os serviços, porém a população ainda tinha muito medo de se expor.
Representando a Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre, Jorge Osório disse que a prefeitura, em 2018, implantou um sistema de regulação que vinha gradativamente reduzindo as filas de espera. "Antes disso, não tínhamos a real noção", declarou. A partir de então, começaram a ampliar as ofertas naquilo que fosse de fato necessário. Segundo ele, com as medidas, o absenteísmo nas consultas teria caído de 40% para 10%, antes da Covid. Com a pandemia, esse número teria se elevado novamente, sendo que o último dado a que tinha tido acesso, em abril, era de 30%. Segundo o representante municipal, não havia, porém, fila de espera em consultas oncológicas. "Não há demanda reprimida em Porto Alegre". Respondendo a crítica de deputados à postura de postos de saúde na capital que estariam concentrando seus atendimentos a casos de Covid, disse que não era esta a orientação da prefeitura, apenas haviam dito que os hospitais não deveriam ser os únicos locais para atender a esta procura, de modo a evitar que o afluxo às emergências fosse muito ampliado.
O presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS), Eduardo Freire, disse que a entidade apoiaria todos os processos que tivessem comprovação científica e técnica de que podiam ser viabilizados. Reconheceu que os hospitais passavam por falta de recursos e que a pandemia agravou ainda mais esta situação, mas expressou necessidade de cautela. Segundo ele, no Rio Grande do Sul, o quadro era melhor do que em outros estados, mas logo entrariam em um período mais rigoroso, de inverno, e a situação poderia mudar.
Eduardo Dias, representando SIMERS, alertou para o risco de maior gravidade nos casos de coronavírus naqueles pacientes de doenças crônicas que as tivessem descompensadas, além dos riscos de doenças não diagnosticadas. Sobre a situação dos hospitais, considerou que muitos pacientes que perderam seus empregos poderiam migrar para o Sistema Único de Saúde, por isso a importância ainda maior do controle e diagnóstico das demais doenças. Ele sugeriu a criação e utilização de canais de comunicação para que hospitais e pacientes relatassem se os atendimentos estavam sendo realizados e de uma lista indicando a dimensão dos represamentos na saúde por doença, junto às secretarias de saúde. Também sugeriu uma discussão sobre alternativas de financiamento para o sistema, por entender que em breve este sofrerá uma enxurrada de demandas.


Fonte: Assessoria da Deputada Franciane Bayer Foto: Ariel Pedone