O
vice-presidente de Relações Governamentais do PSB, Beto Albuquerque, defende a
vacinação de toda a população e um plano de recuperação econômica para o
Brasil. Para o socialista, já deveria ser consenso de que a covid-19 é “uma
doença maldita, mortal, fatal e violenta” e que é preciso se cuidar, usar
máscara, lavar as mãos, manter o distanciamento. Mas Beto destaca que o mais
importante é “deixar de lado as discussões que só nos dividem, acreditar na
ciência e lançar o maior, melhor e adequado plano econômico para o Brasil neste
momento”.
“Comprar vacinas e vacinar todas as pessoas, todos os brasileiros.
Como faz Israel, como fazem os Estados Unidos e tantos países desenvolvidos
mundo afora. Vacinar todos é a única solução para acabar com a doença, para
retomar a economia, para reabrir a porta do comércio, da indústria, do bar, do
restaurante, do hotel, para voltarem às atividades turísticas. Não há outro
plano econômico”, afirma.
Enquanto
o presidente Jair Bolsonaro nega a importância da vacinação, Beto reforça que
ela é a forma mais eficaz de combater a doença e cobra que o governo federal se
responsabilize por essa tarefa. Durante um evento que participou na última
quinta-feira (4), em São Simão, sudoeste de Goias, um dia após o Estado ter
registrado recorde de mortes pela doença, Bolsonaro – sem máscara – usou os
termos “mimimi” e “frescura” ao criticar, mais uma vez, as medidas adotadas
diante da pandemia.
“Vocês
não ficaram em casa. Não se acovardaram. Temos que enfrentar os nossos
problemas. Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”, disse
Bolsonaro, na ocasião.
“Bate-boca,
negar a ciência, negar a gravidade da doença, não enxergar que os hospitais
estouraram sua capacidade de receber pessoas, isso não nos leva a lugar nenhum!
A hora é de comprar vacinas e de vacinar todos! O inimigo nosso, o Covid, pode
ser resolvido se o Ministério da Saúde, o governo federal, assumir essa
responsabilidade, comprar vacinas e vacinar todos os brasileiros!”, defendeu
Albuquerque.
Com
recorde de média móvel diária por covid-19, chegando em 1.572 nos últimos sete
dias, o Brasil registrou 1.954 novos óbitos somente nas últimas 24 horas. A
média leva em consideração os números dos últimos sete dias e atingiu o maior
patamar de toda a pandemia pelo nono dia consecutivo.
No
total, o país já ultrapassou 268,5 mil mortos pelo novo coronavírus. Além
disso, já passam de 11 milhões os contaminados pela doença. Nas últimas 24
horas, houve 68.537 diagnósticos positivos. Vinte e um Estados e o Distrito
Federal estão com alta nas mortes e sofrendo colapso na área de saúde, com UTIs
lotadas, falta de equipamentos e de oxigênio.
No
último domingo, o Brasil se tornou o país com a maior alta no número de mortes
por covid-19 entre as dez nações com mais óbitos pela doença, segundo análise
de dados do site Our World in Data, projeto da Universidade de Oxford. Dos dez
países líderes em mortes no mundo, oito registraram queda na média móvel de
novas mortes na última sexta-feira em comparação com o dado de 14 dias atrás.
No mesmo período, essa média subiu 30,5% no Brasil.
Colapso
iminente
Cientistas já apontam para o colapso iminente dos sistemas de saúde nas cinco
regiões do Brasil. Segundo o neurocientista Miguel Nicolelis, ex-coordenador do
Comitê Científico do Consórcio do Nordeste, o país não está “nem próximo” do
pico da segunda onda da pandemia.
Sem
vacinação em proporções suficientes para conter a disseminação do vírus,
Nicolelis destaca que sem a adoção de medidas restritivas de circulação, por
pelo menos 21 dias, o país pode chegar ao patamar de até 3 mil mortos diários.
Com a ocupação das UTIs ultrapassando 90% em diversos Estados, a situação tende
a se agravar ainda mais.
“A
situação para março parece ser ainda mais tétrica. Poderemos ter o pior março
da história do Brasil de todos os tempos, no que tange a perda de vidas
humanas”, afirmou Nicolelis, em entrevista a um programa de TV, neste domingo
(7).
“Quando
ultrapassa os 85% de ocupação dos leitos de UTI, chegando a 90%, o colapso já
ocorreu. É uma questão de horas, ou talvez de um par de dias, para chegar a
100%. As filas de espera já começam a ficar enormes. Como em São Paulo, Natal,
Salvador, Rio de Janeiro, Manaus, Fortaleza, Porto Alegre, Florianópolis”,
disse.
Ele
defende o fechamento de todas as atividades não essenciais, além do controle de
circulação de pessoas em aeroportos e rodovias. Outra medida recomendada é a
testagem em massa como forma de rastrear o comportamento do vírus, prevendo o
avanço da doença. Mas, para tanto, é preciso que o governo federal ou os
governos estaduais garantam auxílio financeiro às famílias e setores mais
prejudicados.
Por
outro lado, Nicolelis atribui parte do fracasso do combate à pandemia no Brasil
à falta de comprometimento do governo federal.
“Qualquer
nação no mundo atualmente que tivesse um presidente que fala o que esse
(Bolsonaro) fala, já teria tomado uma providência institucional. Além da
pandemia, nós temos um pandemônio político, causado pelo exemplo do
mandatário-mor do país, que não consolas as vítimas, não oferece um plano
nacional, nem nenhuma perspectiva de sairmos dessa crise. Pelo contrário.
Desdenha e desmerece aqueles que estão tentando trabalhar para o Brasil sair
dessa o mais rapidamente possível”, declarou.
Fonte: Assessoria de Comunicação/PSB Nacional