“As crianças sentem que a vida pode ser melhor e que elas
têm direito de ser feliz”, afirma Samantha Prado Weber. A autônoma, de 43 anos,
o marido e os dois filhos são uma das oito famílias que fazem parte do Programa
Família Acolhedora em Passo Fundo.
O programa foi implementado pelo município em 2013 como
uma alternativa de reordenação do serviço de acolhimento. Em vez de crianças e
adolescentes afastados de sua família de origem por diversos motivos, a partir
de uma medida protetiva aplicada pelo juiz, irem para as casas de acolhimento,
eles podem ser acolhidos provisoriamente em lares.
Conforme a secretária adjunta de Cidadania e Assistência
Social, Elenir Chappuis, a proposta busca substituir o acolhimento institucional
a fim de que as crianças tenham o menor grau de sofrimento ou perda em um
momento de fragilidade em suas vidas. “A
responsabilidade das famílias acolhedoras é cuidar das crianças enquanto
permanecer o processo que definirá se ela poderá ser reintegrada à família de
origem ou se será destituída do poder familiar e encaminhada para adoção. O
processo jurídico e o acompanhamento são os mesmos. Porém, elas têm um cuidado
exclusivo em um lar, junto com uma família”, afirma.
O desejo de Samantha de participar do programa nasceu com
uma reportagem transmitida por uma emissora local. Ela, que tinha uma relação
com trabalhos voluntários, enxergou no Família Acolhedora uma chance de ajudar
as crianças de forma individual, proporcionando a elas cuidado e proteção.
A autônoma e o marido foram habilitados em outubro de
2015. Nesse período, já acolheram sete crianças, de cinco a 12 anos. “Tem sido
uma experiência maravilhosa. Essas crianças trazem uma vontade de se
desenvolver, de amar e ser amadas. É uma grande troca. Claro que há desafios,
mas nada que, com muito amor e paciência, não seja superado. Cuidamos e
educamos as crianças como fazemos com nossos filhos, sempre respeitando seus
limites e suas história”, relata.
Toda a família faz parte do acolhimento
Entre as determinações do programa, está a concordância
por parte de toda a família quanto ao acolhimento. De acordo com Elenir, a
aprovação de todos os membros que compartilham a residência é fundamental para
garantir o cuidado integral à criança acolhida. “Como a criança irá conviver
com todos, todos precisam concordar”, pontua
Samantha e o marido possuem filhos: um menino de três e
uma menina de 12 anos. Ela destaca que todos participam do processo. “Sempre que ligam para ver se podemos acolher
determinada criança, nos reunimos em família e conversamos sobre a criança e
sua história. Decidimos em família”, comenta.
Vínculo duradouro
As crianças permanecem com as famílias acolhedoras pelo
período que perdurar o processo que definirá a seu destino. “A premissa do
programa é suprir o acolhimento, não a adoção. O tempo estipulado é de um ano e
meio, mas, em alguns casos, é prolongado”, salienta Elenir.
Para Samantha, o acolhimento é tratado de forma clara com
os filhos para que eles também estejam preparados para a despedida. “Quando a
equipe nos avisa sobre o desacolhimento, já vou trabalhando com as crianças e
as preparando para a despedida, tanto os meus filhos quanto as crianças
acolhidas. Procuramos fazer essa transição de forma mais leve possível, sempre
animando as crianças acolhidas para a nova vida que terão, passando segurança e
mostrando que estamos muito felizes por elas, mesmo que, por dentro, o coração
esteja apertadinho. E meus filhos entendem que as crianças serão felizes e
terão uma família que irá amá-las”, descreve.
O que motiva a família é saber que poderá continuar
transformando a vida de outras crianças. “Cada criança que vai leva um
pedacinho de nosso junto. Nos permitir chorar e ficar tristes com a ida delas
também faz parte do processo. Mas sempre penso no bem que pudemos fazer pela
criança no período em que esteve conosco e que, quando ela é desacolhida, irá
para uma vida melhor e feliz, que pudemos aliviar um pouco da dor que ela
passou. Fico pensando em como será a próxima criança, qual será sua história,
como iremos ajudá-la”, esclarece a autônoma.
Dizer tchau, no entanto, não significa quebrar o vínculo
de amor construído. O contato e as visitas podem continuar e são importantes
importante tanto para as famílias acolhedoras tanto para as crianças. “As
crianças conseguem ver que não foram abandonadas e que seguiram para uma nova
etapa. Elas sabem que poderão contar conosco para sempre”, declara Samantha.
Avanços em um programa que muda vidas
A secretária adjunta de Cidadania e Assistência Social
esclarece que o Município busca descontruir paradigmas sobre o acolhimento
familiar e sensibilizar mais pessoas para integrarem o programa. “Nós já
mudamos a história do acolhimento. Entre 2012 e 2013, eram cerca de 100
crianças em acolhimento institucional. Hoje, esse número é de 16. Estamos
trabalhando para potencializar o Programa Família Acolhedora e contar com mais
famílias”, justifica.
O prefeito, Pedro Almeida, avalia o Família Acolhedora uma alternativa eficiente e necessária para promover o amparo a crianças e adolescentes que enfrentam a separação de suas famílias nucleares. Ainda, evidencia o interesse do Município em implementar estratégias que possam o fortalecer. “Nos últimos anos, a rede de proteção foi sendo aperfeiçoada, assegurando intervenções mais efetivas junto às crianças. O Família Acolhedora é aliado de outro programa, o Guarda Subsidiada, que permite que algum membro da família de origem cuide da criança e do adolescente que está em uma situação difícil. Ambos têm o objetivo de que seja feito o melhor pelas crianças até que a Justiça tenha uma decisão. Nós temos um olhar sensível a isso e pretendemos ampliar as ações para que a sociedade esteja, cada vez mais, unida a esse propósito”, pondera.
Samantha manifesta que conhece a diferença que o programa
faz não só na vida das crianças, mas na de quem acolhe. “Eu acredito no
Programa Família Acolhedora. Saber que você irá se dedicar a uma pessoa que não
será sua para sempre, mas que seus ensinamentos, amor e influência estarão com
ela para sempre, é grandioso”, conta.
Fonte: Assessoria de Comunicação Prefeitura Municipal de Passo Fundo