Fome no mundo: relatório da ONU alerta para crescimento do flagelo

29/03/2021 (Atualizado em 29/03/2021 | 13:36)

Foto: Leonardo de Paiva
Foto: Leonardo de Paiva

A fome aguda deve aumentar em mais de 20 países nos próximos meses, caso não haja uma assistência urgente. O alerta de é relatório divulgado este mês pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Programa Mundial de Alimentos (WFP). O documento aponta que Mais de 34 milhões de pessoas no mundo lutam para não morrer de fome. O número, já alarmante, deve aumentar nos próximos meses.

Fome afeta principalmente países da África

Embora a maioria dos países afetados esteja na África, a fome aguda deve aumentar na maioria das regiões do mundo. Conflitos armados e o impacto econômico da pandemia de Covid-19 são os principais fatores para o agravamento da situação.

De acordo com o relatório, será preciso US$ 5,5 bilhões para evitar o quadro, com ações de assistência alimentar humanitária, e intervenções emergenciais nos meios de subsistência.

Fome também ronda o Brasil com a pandemia

Apesar de o país não aparecer no relatório, no Brasil a situação não é melhor. Com o desemprego em alta, atingindo mais de 13,4 milhões de brasileiros, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), agravamento da pandemia e auxílio emergencial de R$ 150, o cenário no Brasil é crítico.

Em 2020, a WFP já havia se manifestado sobre os efeitos econômicos da pandemia e o retorno do país ao Mapa da Fome. A estimativa, anunciada à época pelo economista Daniel Balaban, chefe do escritório brasileiro do WFP, é que 5,4 milhões de pessoas no Brasil passassem para a extrema pobreza, devolvendo o país às estatísticas que já havia abandonado desde 2014.

Auxílio-emergencial insuficiente

Para o líder do PSB, deputado Danilo Cabral (PE), o novo auxílio emergencial estipulado pelo governo Bolsonaro não ajudará os brasileiros.

À revelia da Oposição no Congresso, que defendia a retomada dos R$ 600 aos brasileiros, o governo Bolsonaro reduziu pela segunda vez o valor, que deve começar a ser pago em abril, após quatro meses de desassistência.

“Estamos no momento mais grave da pandemia, com milhares de pessoas desempregadas e desalentadas, que têm enfrentado dificuldade para colocar comida na mesa. Os preços dos alimentos aumentaram muito nos últimos meses e o valor proposto pelo governo não atende às famílias”, afirma Danilo Cabral.

Para ele, o governo não tem interesse em manter o benefício em R$ 600.

“Seguidamente, o governo federal tem reduzido o valor com o argumento de que não há limite fiscal. O que não há é vontade política”, ressaltou.

Na última semana, em audiência virtual no Senado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a cogitar o aumento do valor. Guedes, no entanto, quis vinculá-lo à venda de estatais, numa tentativa de fazer andar sua agenda privatista.

Menos brasileiros recebem auxílio em 2021

Além da redução do valor do benefício por Bolsonaro, o novo auxílio terá uma cobertura menor. Aproximadamente 45,6 milhões de pessoas voltarão a receber ao auxílio em abril, ante 70 milhões, em 2020. A nova rodada terá parcelas mensais que vão variar de R$ 150 a R$ 375, que serão pagas até julho.

O valor, no entanto, não cobre sequer os custos de uma cesta básica. De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor de R$ 150 é suficiente para comprar 23% da cesta básica em São Paulo, 29%, em Belém e 31%, em Salvador, por exemplo. Mais de 20 milhões de brasileiros receberão este montante do governo, na categoria unipessoal.

Sem uma campanha de vacinação robusta, que derrube o número de novos casos e mortes, porém, esses quatro meses do auxílio também não serão suficientes e o governo, possivelmente, terá que prorrogá-lo novamente. A análise é de Ecio Costa, professor de economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que publicou estudo no ano passado sobre o alcance e a eficácia do auxílio emergencial.

De acordo com Costa, a interrupção do pagamento do benefício em dezembro, sem planejamento da retomada econômica e plano de vacinação, foi um erro.

Em mais de um ano desde o registro da primeira morte por Covid-19 no Brasil, o país já contabiliza mais de 312 mil óbitos pela doença, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). É o momento mais crítico desde o início da pandemia no país, com elevação do número de mortes, lockdown em diversos estados, colapso do sistema hospitalar, lentidão na aquisição de vacinas e imunização da população, além da luta constante contra a política negacionista do governo Bolsonaro.  

Fonte: Socialismo Criativo