Covid-19: Brasil registra quase 4 mil mortes e tem pior mês da pandemia

01/04/2021 (Atualizado em 01/04/2021 | 16:40)

Em mais um dia trágico da pandemia fora de controle no Brasil, nessa quarta-feira (31) o país registrou 3.950 mortes por Covid-19, nova maior marca até agora. A média móvel diária também marcou o maior número até então, 2.971 mortes por dia. É o sexto dia seguido com aumento na média.

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No entanto, é preciso levar em consideração que média móvel vinha sofrendo uma sequência de recordes (25 dias) e foi interrompida nos dias em que as informações de mortalidade tiveram uma queda artificial após uma mudança nos registros do Ministério da Saúde, o que provocou problemas na documentação de alguns estados.

Nessa quarta, também foram registrados 89.200 novos casos da doença, quinto maior valor documentado desde o início da pandemia. Com isso, o Brasil chega a 321.886 mortes por Covid-19 e 12.753.158 pessoas infectadas.

O pior mês da pandemia

A gravidade da situação é demonstrada ao analisarmos o mês de março, o pior desde o início da pandemia. Enquanto outros países registram quedas na mortalidade devido a vacinação em massa, o Brasil perdeu 66.868 vidas para a Covid-19 em um mês, segundo dados das secretarias estaduais de Saúde apurados pelo consórcio de veículos de imprensa.

No dia 7 de julho de 2020, 112 dias após a primeira morte por Covid no país, o Brasil atingia 66.868 óbitos desde o início da pandemia, exatamente o mesmo valor atingido nos 31 dias de março de 2021. Além disso, março registrou o dobro do total de óbitos visto em julho de 2020 – que era, até então, o mês com maior número de mortes na pandemia.

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Em 18 das 27 unidades federativas do país, morreram mais pessoas em março do que em qualquer outro mês desde que o vírus começou a circular no Brasil. Os primeiros a passar dessa marca foram os estados do Sul, onde o colapso na Saúde chegou mais cedo e mais pessoas morreram em três meses de 2021 do que em todo o ano passado.

A espera fatal

Ao menos 496 pessoas com Covid-19 não resistiram à espera por um leito de UTI e morreram no mês de março no estado de São Paulo. O número representa 3,2% do total de 15.159 mortos no mês, de acordo com levantamento do G1. Entre as vítimas, há um menino de três anos e uma jovem de 25, sem doenças prévias.

A ocupação geral de leitos de UTI nas redes pública e privada estava em 89,9% no estado e em 88,5% na Grande São Paulo nesta quarta (31). O número total de pacientes internados no estado é de mais de 31 mil pessoas.

Outro dado preocupante é a taxa de mortalidade de pacientes internados no país, de 83,5%, uma das maiores do mundo. Entre novembro de 2020 e março deste ano, oito a cada dez pacientes com Covid-19 intubados nas UTIs do Brasil morreram, segundo dados do Ministério da Saúde compilados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Reinfecção por variante de Manaus

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) comprovaram o primeiro caso de reinfecção causada pela variante brasileira da Covid-19, intitulada P1, no município de Araraquara, no interior paulista. A paciente é a analista de crédito Sueli Oliveira, de 26 anos, que contraiu a doença pela primeira vez em setembro de 2020 e voltou a ter diagnóstico positivo no início de fevereiro deste ano.

Além de São Paulo, o estado do Rio de Janeiro também vive nova onda da Covid-19 causada, em sua maior parte, pela variante de Manaus. Segundo o médico da Subsecretaria de Vigilância em Saúde do Estado, Alexandre Chieppe, já existe uma prevalência no Estado da variante P1, que já foi encontrada em quase 80% das amostras analisadas pela Secretaria de Saúde. 

Socialistas lamentam mortes

Para o presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Carlos Siqueira, a democracia e o respeito à Constituição são o caminho para garantir a normalidade do Brasil. O socialista ainda ressaltou que durante o pior momento da pandemia o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) provoca crise institucional ao invés de trabalhar pela estabilidade.

O deputado federal Gervársio Maia (PSB-PB) também lamentou as quase 4 mil mortes registradas nessa quarta e afirmou que o Brasil, além de lidar com o vírus, ainda tem que enfrentar o negacionismo do presidente, que insiste em atacar as medidas de restrição.

Também destacaram o negacionismo de Bolsonaro durante momento crítico da pandemia os deputados federais Camilo Capiberibe (PSB-AP) e Júlio Delgado (PSB-MG).

Em meio ao negacionismo de Bolsonaro, 460 servidores do Palácio do Planalto já foram diagnosticados com coronavírus. O maior registro ocorreu em julho do ano passado, com 92 casos. No último mês, no entanto, foram 30 infecções, quase o dobro de fevereiro, quando houve 16 casos. 

Entre os órgãos que compõem a Presidência, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) está à frente em número de registros: 191. No gabinete do presidente, foram 28. Em março, o órgão mais afetado foi a Secretaria-Geral, com 20 diagnósticos dentre os 30 em todo o Palácio do Planalto.

Os 460 casos em um universo de 3.500 pessoas, segundo os dados mais recentes, indicam que 13% dos servidores já foram contaminados. A taxa é maior do que a média brasileira (6%), refletindo a postura do presidente, que realiza eventos com aglomeração e aparece sem máscara na maioria deles.

Fonte: por: Eduardo Pinheir / Socialismo Criativo