Para líderes socialistas, compra de imunizantes por empresas privilegia ricos e poderosos em prejuízo da maioria dos brasileiros

07/04/2021 (Atualizado em 07/04/2021 | 17:08)

Divulgação Câmara Federal
Divulgação Câmara Federal

As maiores economias do mundo não permitiram a compra de vacinas por empresas privadas pelos evidentes danos sociais, econômicos e sanitários que a medida acarretaria. Mas, no Brasil, a despeito das cristalinas diretrizes do Plano Nacional de Imunização (PNI), a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que vai contra as orientações do documento e autoriza empresas a adquirirem vacinas contra covid-19.

O PSB orientou voto contrário à proposta. “O PSB defende que nós devemos respeitar os princípios que orientam o acesso à saúde pública no nosso país, que estão consignados no SUS. Devemos respeitar direitos iguais, acesso universal e equitativo ao Sistema Único de Saúde no nosso país. Não devemos admitir que o que está previsto no Plano Nacional de Imunização seja quebrado”, defendeu o líder da bancada socialista, Danilo Cabral.

Ignorar os princípios do PNI, que orienta o poder público a dar prioridade à proteção de indivíduos com maior risco de infecção e de óbitos, e ao funcionamento de serviços de saúde é “furar a fila” da vacinação , disse Danilo Cabral. “Se era para tratar critério de condição social, a gente teria que estar colocando, no começo da fila, aqueles que estão no CADúnico, aqueles que estão em situação de vulnerabilidade”, disse o líder do PSB.

Na sessão de votação do projeto, o socialista convidou os deputados a lerem o Plano, referência mundial em imunizações que nenhum outro país com dimensões continentais e diversidade econômica semelhantes conseguiu alcançar.

O líder da Oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), afirmou que a compra dos imunizantes por empresas privadas vai causar um “apartheid sanitário” no país e fará com que “umas vidas valham mais que outras”. “Será que alguém aqui tomaria um avião, se soubesse que, se o avião tiver problema, os coletes salva-vidas vão ser distribuídos por ordem de riqueza para os passageiros? Ou entraria num navio em que só haveria botes para os 50 mais ricos?”, questionou.

O socialista alertou para a elevação de preços como consequência da corrida das empresas por imunizantes em concorrência com o SUS. “O que está faltando não é dinheiro do governo para comprar vacina. O que está faltando é quem forneça as vacinas. Por essa razão, abrir para o mercado de vacinas vai causar vários prejuízos. O preço da vacina vai subir. Porque mais gente estará querendo comprar. Quem pagar mais, terá prioridade na entrega”, afirmou.

Para Molon, o interesse das empresas em comprar vacinas mostra a ausência de uma política de enfrentamento da covid-19 no Brasil. “É um grave erro que essa Câmara não pode cometer. E se dá no desespero de um país inteiro atrás de vacinas. Esse desespero é compreensível. Ele se deve ao desastre que tem sido a ação do governo Bolsonaro na compra de vacinas”, afirmou. “Em um cenário de extrema escassez, o critério de justiça para distribuição de um bem escasso é a necessidade. Não é a riqueza, nem o poder, nem o emprego”, criticou o líder.

Assessoria de Comunicação/PSB nacional

Fonte: Assessoria de Comunicação/PSB nacional