Amazônia Legal bateu mais um recorde de área sob alerta de desmatamento em maio. Até o dia 28, a região tinha 1.180km² de área sob alerta de desflorestação, o maior número para o mês desde 2016. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
É o terceiro mês consecutivo em que os índices batem
recordes históricos mensais. Também é a primeira vez que a área sob alerta
de desmatamento em maio passa dos 1 mil km².
Amazônia Legal tem cobertura
florestal reduzida
A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro e
engloba a área de 8 estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato
Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte
do Maranhão.
Os alertas de desmatamento foram feitos pelo Sistema de Detecção de
Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe, que produz sinais diários de
alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²),
tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de
degradação florestal (exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).
O Deter não é o dado oficial de desmatamento, mas alerta sobre onde o
problema está ocorrendo.
A medição oficial do desmatamento, feita pelo sistema Prodes,
costuma superar os alertas sinalizados pelo Deter. Os últimos dados divulgados
pelo Prodes apontaram que a área desmatada na Amazônia Legal foi de 11.088
km² na temporada de 2019 a 2020 (período que engloba agosto de 2019 a
julho de 2020).
Desmatamento piora na estação seca
Em nota, o Observatório do Clima, rede de 56 organizações
da sociedade civil, afirma que os dados de maio são preocupantes, porque o
mês marca o início da estação seca, “quando a devastação se intensifica” em
grande parte da Amazônia.
“A permanecer a tendência nos próximos dois meses, a taxa oficial
de desmatamento de 2021 (medida de agosto a julho) poderá terminar
com uma inédita quarta alta consecutiva. O comportamento da curva dependerá
exclusivamente de quem hoje dá as cartas na região: o crime ambiental.”
Observatório do Clima
A medição do desmate no Brasil considera sempre a temporada de agosto de
um ano a julho do ano seguinte por causa das variações do clima: com essa
divisão do tempo, pesquisadores conseguem levar em conta o ciclo completo
de chuva e seca na Amazônia, analisando como o desmatamento e as queimadas no
bioma oscilaram dentro dos mesmos parâmetros climáticos.
O Observatório do Clima também criticou a gestão ambiental do governo
Bolsonaro.
“O regime Bolsonaro se dedica há dois anos e meio a desmontar as
políticas de controle de desmatamento, enterrando o único plano que conseguiu
reduzir a destruição, o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na
Amazônia”, disse a rede.
A entidade também criticou as ações do ministro do Meio
Ambiente, Ricardo Salles – que está sendo investigado sob
acusação de, entre outros pontos, criar dificuldades para a fiscalização
ambiental.
Segundo o Observatório do Clima, a fiscalização de crimes ambientais
pelo Ibama foi “manietada; como mostraram neste ano documentos
produzidos pelos próprios agentes. A gestão do antiministro Ricardo Salles
virtualmente parou as operações do órgão”, diz a nota da rede.
Pará concentrou metade do
desmatamento
O Pará foi, mais uma vez, o estado com maior área sob alerta
de desmatamento em maio: 425km², equivalente a 36% do total registrado até o
dia 28.
Na temporada passada, o estado concentrou quase metade de todo o
desmatamento na Amazônia Legal, segundo o monitoramento do Prodes.
Em segundo lugar veio o Amazonas, com 289km² sob alerta, e
depois Mato Grosso, com 242km². Rondônia teve 180km² sob alerta.
Em seguida vieram Acre (31km²) e Maranhão (11km²). Tanto
o Tocantins como Roraima tiveram 1km² sob área de alerta.
O Amapá não teve áreas sob alerta de desmatamento.
Fonte: Socialismo Criativo / Com informações do G1