Vacinação da população brasileira retrocede às taxas da década de 1980

23/09/2021 (Atualizado em 23/09/2021 | 10:23)

Foto: Dóia Cercal
Foto: Dóia Cercal

A vacinação da população brasileira de modo geral está em queda expressiva desde 2015. Estudo da Sociedade Brasileira de Imunizações, divulgado este mês, mostra que a falta de imunização atingiu níveis preocupantes nos últimos três anos. Isso porque as taxas de vacinação se equipararam as da década de 1980, primeiros anos do Programa Nacional de Imunização (PNI). As informações são do Brasil de Fato.

“Entre as causas está o sucesso do programa: as pessoas pararam de temer doenças como paralisia infantil, sarampo e coqueluche. Uma mãe da década de 1970 fazia sozinha o diagnóstico de sarampo porque estava acostumada a lidar com a doença. Como avanço da cobertura vacinal tivemos que treinar até profissionais de saúde para identificar a doença. A população passou a dar mais atenção para as reações adversas, que são raras e leves, mas trazem hesitação à vacina”, disse a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Flávia Brave, em entrevista ao Programa Bem Viver, do Brasil de Fato.

A cobertura vacinal para poliomielite, doença grave que causa paralisia infantil, chegava a 98% em 2015 e caiu para 76% em 2020. O mesmo ocorreu na vacinação contra Hepatite B: a taxa chegava a 79% em 2019 e, no ano passado, ficou em 63%.

Melhor caminho para a vacinação

Para a especialista, o melhor caminho para incentivar a vacinação no país é fortalecer as campanhas de vacinação sobre o tema, além de facilitar o acesso aos imunizantes e incluir disciplinas sobre a importância das campanhas de vacinação nos cursos de formação de médicos e enfermeiros.

“Temos que lembrar a população que a única doença já erradicada no mundo foi é a varíola. Todas as outras todas existem em outros locais do mundo e com globalização o risco de contágio é constante. Precisa haver cobertura vacinal para nos mantermos livres das doenças”, defendeu. “Uma boa comunicação com a população é essencial. Na década de 1980 o personagem Zé Gotinha era um herói nacional e hoje muitas crianças nem sabem o que é. Existia uma comunicação com a população que hoje é falha”, afirma.

Contudo, apenas o fortalecimento do PNI, sucateado, especialmente, pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido), poderá reverter a lamentável situação.

“O programa não tem um coordenador há dois meses. As ações precisam ser integradas e planejadas por quem entende. Dentro do Ministério da Saúde temos técnicos eficientes e tivemos sucesso na maior parte desses 48 anos do Programa Nacional de Imunização”.

Fonte: Socialismo Criativo