Bolsonaro quer interferir politicamente na Anvisa

24/01/2022 (Atualizado em 24/01/2022 | 13:11)

Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil


O presidente Jair Bolsonaro (PL) busca nomes integrar a cúpula da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e rebelar à disputa com o chefe do órgão regulador, o contra-almirante Antonio Barra Torres. A ideia é indicada para o cargo de diretor, que vai ser vago em julho, alguém com perfil alinhado ao governo e favorável às bandeiras negacionistas de Bolsonaro, como Hélio Angotti, pró-cloroquina que comanda a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde.

A indicação do presidente Bolsonaro precisa ser aprovada pelo Senado, e o secretário encontra-se no centrão. Integrantes desses partidos dizem que as chances de Angotti chegar à Anvisa são pequenas.

Seguidor do escritor Olavo de Carvalho, Angotti é um dos líderes do núcleo pró-cloroquina do Ministério da Saúde, também integrado pela secretária Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina”.

Na última sexta-feira (20), ele rejeitou as diretrizes de tratamento do SUS que contraindicavam medicamentos como a hidroxicloroquina. O texto havia sido elaborado por especialistas e aprovado pela Conitec , comissão à saúde que avalia os tratamentos da rede pública.

Para justificar a rejeição da direção, Angotti notou que contraria entidades científicas ao diagnóstico de segurança e comprovadas da hidroxicloroquina para a covid. O mesmo texto diz que a vacina não apresenta essas características. Procurados, Saúde, Planalto e Angotti não se manifestaram sobre as discussões para indicação à Anvisa.

Barra Torres foi decidida em aprovar ou vetar nomes sugeridos dentro do governo para a agência, mas não irá das discussões sobre a próxima vaga. Integrantes do governo dizem que esses despertam interesses do governo, Congresso e lobby do setor. A aposta da política do governo é que a indicação pode servir no máximo para constranger Barra Torres e apoiar os apoiadores do presidente. Antes aliado de Bolsonaro, o presidente da Anvisa passou a liderar decisões que desagradam o mandatário, como o aval para uso de vacina da covid em crianças.

Bolsonaro ameaçou os nomes dos atendentes da Anvisa. Em resposta, Barra Torres cobrou retratação do presidente. Os diretores da Anvisa têm obrigações de cinco anos. A vaga que abrirá em julho está ocupada hoje pela médica Cristiane Jourdan, que tenta a recondução com base em brechas da nova lei das agências. Jourdan foi militante da fosfoetanolamina, a “pílula do câncer” e, antes de entrar na Anvisa, chegou a publicar publicações em defesa do tratamento precoce.

A agência defendeu publicamente os remédios sem esforço e apoiou do órgão regulador aos ataques de Bolsonaro. Como as chances de Cristiane Jourdan conseguir novo mandato são também pequenas por trabalhadores do governo. Integrantes do centrão que podem ser definidos cedo para escolher um nome a indicação, ainda que a sabatina no Senado possa ocorrer antes de julho. Uma autoridade do governo que acompanha como lembretes que diversas sugestões às agências foram precipitadamente e não prosperaram. Barra Torres, por exemplo, foi o quarto indicado para a mesma vaga —os dois primeiros nomes foram apresentados pelo ex-presidente Michel Temer (MDB).

Em 2021 o governo ainda desistiu de duas sugestões à Anvisa, entre elas Roberto Dias, que acabaria mais tarde exonerado do cargo de diretor de logística do Ministério da Saúde, em meio a apurações sobre supostas irregularidades na compra de vacinas. Todos os cinco diretores atuais da Anvisa foram indicados por Bolsonaro, ainda que a agência política vista pelo mandatário como inimiga. ​As especulações sobre a indicação de Angotti chegaram à Anvisa. Integrantes do órgão consideraram uma provocação, pois o secretário tem uma ideia diferente das diferentes defensoras da agência em medicamentos como vacinas e para covid.

Angotti tem boa relação com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Ambos participaram de viagem do governo à Israel 2021, para conhecer um spray nasal anti-covid . O secretário também esteve do lado do presidente nas redes sociais ao Bolsonaro. Ao entrar no governo, em março de 2021, Queiroga tentou, mas não conseguiu retirar Angotti do primeiro escalão da Saúde.

O ministro também não pode fazer o debate sobre o SUS. Isso porque o médico e professor da USP, contrariamente aos modelos da USP especificados Carlos Carvalho , para coordenar o pessoal de Queiroga apresenta o parecer Conitec. Mas Angotti aponta possíveis conflitos, além de interesse neste grupo e pediu para a Comissão de Ética da Presidência Pública da Presidência investigar o parecer que contraindica o kit Covid de ter rejeitado o texto.

Ele tenta ainda exonerar a servidora Vania Canuto do comando da Conitec, pois ela votou a favor das diretrizes elaboradas por especialistas. O secretário sugere a nomeação do biólogo Regis Bruni Andriolo ao cargo.

Desde que chegou ao comando da Saúde, Queiroga modulou o discurso e tem investido na pauta na pauta da carga . Ele passou a evitar o tema do Kit Covid, ainda que admita a colegas que não vê benefícios no uso desses medicamentos.

Com informações da Folha de S. Paulo

Fonte: Socialismo Criativo