Guedes cruza os braços diante defasagem recorde dos combustíveis

03/03/2022 (Atualizado em 03/03/2022 | 17:11)

Explosão no preço dos combustíveis gera tensão e cobrança sobre comandante do Ministério da Economia, que estaria sem fazer nada (Imagem: EVARISTO SA / AFP)
Explosão no preço dos combustíveis gera tensão e cobrança sobre comandante do Ministério da Economia, que estaria sem fazer nada (Imagem: EVARISTO SA / AFP)


A disparada na cotação do petróleo no mercado internacional após a invasão da Rússia pela Ucrânia deve levar a um novo aumento do preço de combustíveis no Brasil, elevando a pressão por reajuste. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem entre o valor da gasolina e do diesel no país e o cobrado lá fora chegou a 25%, o maior patamar já registrado.

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Com o desbalanço, ministros do governo Bolsonaro aumentaram a pressão para que o ministro da economia, Paulo Guedes, acelere medidas que possam conter um possível aumento explosivo no preço dos combustíveis, que ainda não tomou nenhuma atitude para conter a defasagem. As informações são da Folha.

Segundo Sergio Araujo, presidente da Abicom, seria necessário um reajuste de R$ 1,11 no litro do diesel e de R$ 0,87 na gasolina.

“Há uma pressão altíssima com o cenário de guerra. O déficit será maior e haverá pressão para elevar os preços dos combustíveis aqui”, afirmou Araujo.

Queda do dólar

Para Ilan Arbetman, analista de petróleo e gás da Ativa Investimentos, a queda do dólar em relação ao real, nestes primeiros meses do ano, ajudou a tirar um pouco da pressão por aumento de preço dos combustíveis.

Na gestão do atual presidente, Joaquim Silva e Luna, a empresa tem espaçado mais os aumentos, tentando diferenciar fatores pontuais e conjunturais que afetam os preços, para evitar uma alta muito forte. Contudo, será difícil dissociar o contexto interno do externo nesse momento e evitar que os aumentos cheguem às bombas.

Guedes enrola em meio a aumento iminente

De acordo com a Folha, Paulo Guedes teria se comprometido, antes mesmo do conflito, a adotar medidas “drásticas” caso o preço do barril de petróleo chegasse a US$ 100. A principal delas seria a criação de um fundo estabilizador de preços dos combustíveis.

Com a invasão da Ucrânia e o cerco econômico de potências ocidentais a Putin, a barreira foi ultrapassada rapidamente, e o preço já chegou perto dos US$ 120.

Uma proposta de emenda à Constituição que já tramita no Senado Federal sugere que sejam usados recursos do Fundo Social e de receitas obtidas com os leilões excedentes da cessão onerosa do pré-sal e dividendos da Petrobras pagos à União.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), até reincluiu na pauta do plenário da Casa, da próxima semana, os projetos que trazem mecanismos para amenizar a alta do custo dos combustíveis para os consumidores. Em publicação em uma rede social, Pacheco disse que “mais do que nunca” é preciso encontrar uma solução que impeça a alta de preços.

Apesar da promessa, a deterioração no mercado de petróleo tem sido muito rápida. E as propostas enfrentam impasses. A equipe econômica não apoia um dos projetos, que prevê a criação de um fundo de estabilização, espécie de colchão para amortecer altas de preços, formado por royalties e participações especiais.

Outra desculpa de Guedes é que a criação de um fundo para equalizar os preços dos combustíveis seria computado como despesa e o subsídio estouraria o teto de gastos imposto por lei ao governo.


Fonte: Socialismo Criativo