Santo Amaro da Purificação ficou conhecida em todo Brasil
por ser a terra natal de Caetano Veloso e Maria Bethania. Mas também entrou na
história da política gaúcha por ser a cidade onde nasceu Maria Augusta Feldmann.
Ela é filha de um funcionário do Banco do Brasil que veio
transferido para o Rio Grande do Sul para trabalhar como gerente na filial da de
Uruguaiana e, logo depois, assumiu o mesmo cargo na agência bancária de Santa
Maria da Boca do Monte.
E foi lá na “Cidade Universitária” que a baiana mais
gaúcha que se conhece se envolveu com o efervescente movimento estudantil santa-mariense,
em tempos de plena ditadura militar no país, e começou a dar seus primeiros
passos na política gaúcha.
Formada em Biologia, começou então sua carreira no
magistério estadual, quando trocou o interior do estado pela capital do Rio
Grande do Sul. E ainda nova na profissão, em 1979, foi convidada para
participar de uma reunião do CPERS Sindicato que, naqueles dias,
debatia o início de mais uma greve em busca de melhores condições de ensino e uma
justa reposição salarial da categoria.
Aceitou o convite, foi à reunião, pediu a palavra
e, em pouco tempo, já estava na direção estadual como vice-presidente do
sindicato dos professores gaúchos pela combatividade de suas reivindicações e extrema
lucidez de suas colocações. Passados alguns anos, em 1990, assumiu o posto
máximo da organização, quando foi eleita presidente do CPERS, ficando no cargo
até 1993.
Vale lembrar que naqueles dias, o CPERS era um dos
maiores sindicatos da América Latina, tendo entre seus filiados uma maioria
absoluta feminina.
Neste período, os professores estaduais entraram em
choque com o projeto de educação do governo Alceu Collares que seria implantado
pela secretária Neuza Canabarro.
“Tivemos uma greve muito pesada e as negociações
com a administração estadual foram muito difíceis. Mas, a categoria se
mobilizou com muita força e organização, fazendo que o CPERS Sindicato
adquirisse uma expressão política fantástica”, lembrou.
Foi neste instante que a política partidária entrou
na vida da então professora estadual e militante sindicalista Maria Augusta
Feldmann. Em 5 de janeiro de 1994 ela assinou ficha no Partido Socialista Brasileiro
do Rio Grande do Sul e, um ano depois, se elegeu deputada estadual com votos por
todo estado e ainda quebrando todos os preconceitos da época para o exercício
de atividades políticas: mulher, professora estadual, sindicalista e
socialista.
Sua seriedade e competência na Assembleia
Legislativa gaúcha não deixaram dúvidas que ela estava no lugar certo. Até
mesmo para os políticos mais conservadores e saudosos da ditadura que há pouco
tinha sido substituída pela ainda incipiente retomada da democracia brasileira
passaram a respeitar a atuação de Feldmann no Parlamento. Seu posicionamento
forte, racional, engajado e, com toda certeza, respeitoso, superou todas as
adversidades.
“Talvez essa liderança
desempenhada no sindicato tenha me trazido para a Assembleia Legislativa. Por
isso, sem dúvida nenhuma, meu mandato foi dedicado ao magistério e à educação”
comentou Maria Augusta ao relembrar sua passagem no legislativo estadual.
E muito além de somente ter a
Educação como origem e fim de sua atuação, ela também inovou a pauta da
Asembleia gaúcha trazendo junto o direito feminino e a questão do meio ambiente para o debate
político em uma época que somente a juventude daquele tempo e alguns poucos
visionários da preservação da natureza, considerados meios loucos pela maioria
da população, levantavam essa bandeira.
Assim, entre os projetos com sua iniciativa
e assinatura, consta o de descarte de pilhas, baterias e lâmpadas florescentes que contém mercúrio. Também foi seu o projeto
de lei para a sinalização de rodovias públicas, assim como o que garante o
acesso aos deficientes em escolas públicas.
E, como não poderia
deixar de ser, reconstruiu as políticas públicas para Educação ao implantar por
estas bandas o voto direto para diretores de escolas estaduais e conselhos
escolares, além de garantir a participação do CPERS no Conselho Estadual de
Educação e no Conselho Administrativo do IPE.
“O socialismo
continua sendo, e é, o único meio de superarmos a crise brasileira”, costumava
dizer.
“Talvez eu não seja
reconhecida nominalmente como autora da lei A ou B, mas as pessoas sabem que
prestei um trabalho sério à Assembleia Legislativa. Fiz um trabalho sensato e
equilibrado. Fico feliz em ser lembrada pela minha seriedade, comprometimento e
responsabilidade”, enfatizou a ex-deputada sobre sua atuação política.
Logo após seu
mandato, Maria Augusta Feldmann, prestou
vestibular para Direito, passou no concurso e exerce até hoje a advocacia.
Sobre a política, costuma lembrar seus
interlocutores que: “fazer política é uma coisa muito maior do que a disputa
eleitoral. Seria muito melhor se pudéssemos fazer política sem precisar passar
pelo desgaste de uma campanha eleitoral e pelo constrangimento de precisar buscar
votos em troca de alguma gratificação. Eu não me adapto mais a esse processo.
Por isso, que eu digo, continuo fazendo política no meu dia a dia, mas não
estou disposta a concorrer a cargo público”
Em 2005, a ex-deputada socialista foi agraciada com a Medalha Negrinho do Pastoreio, a maior condecoração concedida pelo Estado a personalidades que prestam relevantes serviços em favor do ser humano no Rio Grande do Sul ou do Brasil.
Por isto tudo e
muito mais, Maria Augusta Feldmann é, hoje, respeitada e lembrada como
socialista, professora estadual, líder sindical e, sobretudo, uma mulher muito
a frente de seu tempo!
Maria Augusta Feldmann recebeu a Medalha Negrinho do Pastoreio, a maior condecoração concedida pelo Estado a personalidades que prestam relevantes serviços em favor do ser humano no Rio Grande do Sul.
Fonte: Ricardo Ritzel/Assessoria de Comunicação do PSB-RS