PSB na História – Uma baiana na história política gaúcha

11/03/2022 (Atualizado em 11/03/2022 | 15:52)

Maria Augusta Feldmann é até hoje respeitada e lembrada como socialista, professora estadual, líder sindical e, sobretudo, uma mulher muito a frente de seu tempo!

Fotos: Divulgação Fundação João mangabeira, AL-RS, Governo do Estado
Fotos: Divulgação Fundação João mangabeira, AL-RS, Governo do Estado

Santo Amaro da Purificação ficou conhecida em todo Brasil por ser a terra natal de Caetano Veloso e Maria Bethania. Mas também entrou na história da política gaúcha por ser a cidade onde nasceu Maria Augusta Feldmann.

Ela é filha de um funcionário do Banco do Brasil que veio transferido para o Rio Grande do Sul para trabalhar como gerente na filial da de Uruguaiana e, logo depois, assumiu o mesmo cargo na agência bancária de Santa Maria da Boca do Monte.

E foi lá na “Cidade Universitária” que a baiana mais gaúcha que se conhece se envolveu com o efervescente movimento estudantil santa-mariense, em tempos de plena ditadura militar no país, e começou a dar seus primeiros passos na política gaúcha.

Formada em Biologia, começou então sua carreira no magistério estadual, quando trocou o interior do estado pela capital do Rio Grande do Sul. E ainda nova na profissão, em 1979, foi convidada para participar de uma reunião do CPERS Sindicato que, naqueles dias, debatia o início de mais uma greve em busca de melhores condições de ensino e uma justa reposição salarial da categoria.

Aceitou o convite, foi à reunião, pediu a palavra e, em pouco tempo, já estava na direção estadual como vice-presidente do sindicato dos professores gaúchos pela combatividade de suas reivindicações e extrema lucidez de suas colocações. Passados alguns anos, em 1990, assumiu o posto máximo da organização, quando foi eleita presidente do CPERS, ficando no cargo até 1993.

Vale lembrar que naqueles dias, o CPERS era um dos maiores sindicatos da América Latina, tendo entre seus filiados uma maioria absoluta feminina.

Neste período, os professores estaduais entraram em choque com o projeto de educação do governo Alceu Collares que seria implantado pela secretária Neuza Canabarro.

“Tivemos uma greve muito pesada e as negociações com a administração estadual foram muito difíceis. Mas, a categoria se mobilizou com  muita força e organização, fazendo que o CPERS Sindicato adquirisse uma expressão política fantástica”, lembrou.

             

Foi neste instante que a política partidária entrou na vida da então professora estadual e militante sindicalista Maria Augusta Feldmann. Em 5 de janeiro de 1994 ela assinou ficha no Partido Socialista Brasileiro do Rio Grande do Sul e, um ano depois, se elegeu deputada estadual com votos por todo estado e ainda quebrando todos os preconceitos da época para o exercício de atividades políticas: mulher, professora estadual, sindicalista e socialista.

Sua seriedade e competência na Assembleia Legislativa gaúcha não deixaram dúvidas que ela estava no lugar certo. Até mesmo para os políticos mais conservadores e saudosos da ditadura que há pouco tinha sido substituída pela ainda incipiente retomada da democracia brasileira passaram a respeitar a atuação de Feldmann no Parlamento. Seu posicionamento forte, racional, engajado e, com toda certeza, respeitoso, superou todas as adversidades.

“Talvez essa liderança desempenhada no sindicato tenha me trazido para a Assembleia Legislativa. Por isso, sem dúvida nenhuma, meu mandato foi dedicado ao magistério e à educação” comentou Maria Augusta ao relembrar sua passagem no legislativo estadual.

E muito além de somente ter a Educação como origem e fim de sua atuação, ela também inovou a pauta da Asembleia gaúcha trazendo junto o direito feminino e  a questão do meio ambiente para o debate político em uma época que somente a juventude daquele tempo e alguns poucos visionários da preservação da natureza, considerados meios loucos pela maioria da população, levantavam essa bandeira.

Assim, entre os projetos com sua iniciativa e assinatura, consta o de descarte de pilhas, baterias e lâmpadas florescentes que contém mercúrio. Também foi seu o projeto de lei para a sinalização de rodovias públicas, assim como o que garante o acesso aos deficientes em escolas públicas.

E, como não poderia deixar de ser, reconstruiu as políticas públicas para Educação ao implantar por estas bandas o voto direto para diretores de escolas estaduais e conselhos escolares, além de garantir a participação do CPERS no Conselho Estadual de Educação e no Conselho Administrativo do IPE.

“O socialismo continua sendo, e é, o único meio de superarmos a crise brasileira”, costumava dizer.

“Talvez eu não seja reconhecida nominalmente como autora da lei A ou B, mas as pessoas sabem que prestei um trabalho sério à Assembleia Legislativa. Fiz um trabalho sensato e equilibrado. Fico feliz em ser lembrada pela minha seriedade, comprometimento e responsabilidade”, enfatizou a ex-deputada sobre sua atuação política.

Logo após seu mandato, Maria  Augusta Feldmann, prestou vestibular para Direito, passou no concurso e exerce até hoje a advocacia.

 Sobre a política, costuma lembrar seus interlocutores que: “fazer política é uma coisa muito maior do que a disputa eleitoral. Seria muito melhor se pudéssemos fazer política sem precisar passar pelo desgaste de uma campanha eleitoral e pelo constrangimento de precisar buscar votos em troca de alguma gratificação. Eu não me adapto mais a esse processo. Por isso, que eu digo, continuo fazendo política no meu dia a dia, mas não estou disposta a concorrer a cargo público”

Em 2005, a ex-deputada socialista foi agraciada com a Medalha Negrinho do Pastoreio, a maior condecoração concedida pelo Estado a personalidades que prestam relevantes serviços em favor do ser humano no Rio Grande do Sul ou do Brasil.

Por isto tudo e muito mais, Maria Augusta Feldmann é, hoje, respeitada e lembrada como socialista, professora estadual, líder sindical e, sobretudo, uma mulher muito a frente de seu tempo!


Maria Augusta Feldmann recebeu a Medalha Negrinho do Pastoreio, a maior condecoração concedida pelo Estado a personalidades que prestam relevantes serviços em favor do ser humano no Rio Grande do Sul.

Fonte: Ricardo Ritzel/Assessoria de Comunicação do PSB-RS