No início da noite de 31 de março de 1964, o general Olímpio Mourão Filho mobilizou tropas sediadas em Minas Gerais e deu ordem para dirigirem-se, fortemente armadas e municiadas, ao Rio de Janeiro com objetivo de sufocar militarmente o governo progressista de Jango Goulart.
Em todo Brasil os quartéis entram em estado de alerta e
assumem posições estratégicas em todas capitais estaduais. Na manhã do dia 1º
de abril, as Forças Armadas derrubam todas as prerrogativas democráticas e tomam
a “manu militari” o governo federal, forçando o presidente a se exilar no
Uruguai.
A partir deste momento, começa a mais longa noite
brasileira, que somente viria a sentir o calor de uma manhã democrata 21 anos
depois. Começa também a cassações de direitos políticos, a extinção de partidos
políticos, perseguições políticas, violação de direitos democráticos, prisões
de todo e qualquer opositor do novo regime, torturas, mortes e uma grande
mordaça que restringiram e calaram vozes em todas as casas legislativas do
país, meios de comunicação e manifestações artísticas.
Porém, desde que veio a público a chamada Operação Brother
Sam, plano sigiloso conduzido pela administração do presidente norte-americano,
Lyndon Johnson, para dar respaldo
militar aos golpistas de 1964, não foi mais possível disfarçar o papel de
Washington para o fim da democracia brasileira do pós-guerra.
Ficou inegável que na verdade, essa longa e triste noite
havia começado quase 2 anos antes, em 25 de agosto de 1962, com a renúncia do
presidente Janio Quadros e a pressão dos militares brasileiros para que
Goulart, que estava naquele dia em visita a China, voltasse ao Brasil e
assumisse o Executivo Nacional.
O que ninguém esperava, pelo menos entre a direita
brasileira, foi a força do Movimento da Legalidade, liderado pelo governador
gaúcho, Leonel Brizola, que, literalmente dos porões do Palácio Piratini,
conclamou as forças políticas, populares e de setores progressistas do Exército
Brasileiro a resistirem a tentativa da extrema direita tupiniquim tomasse o
poder.
Conseguiu!
A “Legalidade”, como ficou conhecida, mobilizou o Brasil
inteiro e garantiu que Goulart tomasse
posse no dia 7 de setembro de 1961. Em Porto Alegre, foco do movimento, foi
criado o “Comitê de Resistência Democrática”, que contou com a participação
ativa do Partido Socialista Brasileiro, atuante na linha de frente da
mobilização.
Mas a pressão dos militares fez com que o presidente João
Goulart aceitasse uma mudança do sistema de governo para o parlamentarismo, em
uma última cartada da direita para retirar poderes da Executiva Nacional e
barrassem as reformas sociais defendidas pelo presidente e seus apoiadores.
Novamente não conseguiram.
Foi exatamente neste crepúsculo da democracia brasileira do
pós-guerra que Jango e seu gabinete parlamentarista começaram a cogitar uma
pauta mais a esquerda e começaram a promover reformas de base e um plano de
desenvolvimento nacional.
Dentre as propostas das reformas estavam: a agrária, a
bancária, a fiscal, a universitária, a urbana e a administrativa. As reformas
de base também previam maior intervenção do Estado na economia nacional, a
ampliação do direito do voto aos analfabetos e às baixas patentes militares, e
o controle do investimento econômico estrangeiro no país.
E o PSB participou ativamente deste processo, não só com o
apoio político, mas também com a participação ativa em vários ministérios, com
nomes como de João Mangabeira nos ministérios de Minas e Energia e da Justiça,
Hermes Lima como Primeiro-Ministro e Evandro Lins e Silva como Procurador Geral
da República.
Essa mobilização pelas reformas de base desencadeou a reação
de proprietários de terras, parcelas das forças armadas e dos interesses
políticos estadunidenses no Brasil. Em março de 1964, os generais Artur da
Costa e Silva, Castelo Branco e Cordeiro de Farias reuniram-se no Rio de
Janeiro para avaliar a conjuntura e para articular medidas contra o governo de
João Goulart. Em 20 de março, Castelo Branco emitia uma circular aos oficiais
do estado-maior indicando que as medidas de João Goulart ameaçavam a segurança
nacional.
Mas veio então, o golpe militar no dia 31 de março de 1964,
e com ele o banimento, por 21 anos, do PSB da vida política no país. O partido
foi cassado e passou quase duas décadas inativo. Seus membros foram
perseguidos, presos, exilados e cassados politicamente. Mas, a ideia que os
socialistas carregavam em suas intenções e gestos, não desapareceu.
Após sua reorganização e a volta à legalidade, em 1985, o
PSB assumiu de forma ainda mais intensa a luta no poder Legislativo e a disputa
para os cargos nos poderes Executivos em nível municipal, estadual e nacional.
Além disso, se estruturou em todos os Estados e se organizou nos segmentos
sociais mais atuantes: mulheres, jovens, sindicalismo, negritude, comunidades
indígenas, LGBT`s e movimentos populares.
Nos dias de hoje, dentro da barra clara do dia, e mesmo com
a democracia brasileira ameaçada novamente pela extrema direita aliada aos interesses
norte-americanos no país, o PSB se tornou realmente um partido nacional,
combativo, pautado em um estatuto a frente do seu tempo e que coloca na pauta
da disputa política nacional a justiça social, o desenvolvimento econômico e a
defesa incansável da democracia.
PSB é luta, é democracia, é justiça social e também é
História!
Fonte: Ricardo Ritzel/Ascom PSB RS