Plano de Bolsonaro é mudar STF e se tornar ditador, diz Flávio Dino

10/10/2022 (Atualizado em 14/10/2022 | 16:47)

Flavio Dino (PSB) teme pela segurança de Lula durante a campanha. Foto: Reprodução
Flavio Dino (PSB) teme pela segurança de Lula durante a campanha. Foto: Reprodução

Em entrevista ao Fórum Onze e Meia, o ex-governador do Maranhão e senador eleito Flávio Dino (PSB) fez uma análise sobre a configuração do Senado para a próxima legislatura e como isso está relacionado a um projeto da extrema direita de controlar o Supremo Tribunal Federal (STF) e, em última instância, impor uma religião oficial de Estado. 


Para Flávio Dino, somente a eleição de Lula (PT) à presidência da República pode conter os anseios golpistas da extrema direita. “A eleição presidencial vai ser determinante para conter o comportamento extremista desse pessoal, porque se o Bolsonaro vencer – e ele não vencerá – isso equivaleria a uma espécie de liberou geral e aí o extremismo dessa gente vai ficar ainda mais destacado, ainda mais evidente”, avalia Dino.  

“Lula vencendo – e vencerá -, funcionará como força de contenção dessa gente. Vou me referir a um tema: independência do poder judiciário. Se o Bolsonaro vencesse, esses personagens todos iam se juntar para emparedar o Supremo Tribuna Federal (STF) e para, no mínimo, ampliar o número de ministros de 11 para 15 para o Bolsonaro indicar 4 quatro mais 2 e com isso fazer maioria, porque dois ele já indicaria por conta de aposentadoria, mais quatro com as novas vagas, aí indica 6, com 2 faria 8 e maioria de 15. Esse é o plano, no mínimo”, explica. 

Leia também: Socialistas repudiam traição de João Henrique Caldas

Em seguida, o senador eleito por Maranhão também destaca que o objetivo do grupo é derrubar ministros do STF. “Fora a possibilidade concreta de haver impeachment de ministro do Supremo, isso é muito grave. É importante acentuar essa questão democrática, inclusive para os ditos arautos do mercado. Ora, o que o mercado precisa? Precisa de segurança jurídica. Segurança jurídica com um ditador no poder e mandando no Supremo e no Congresso? Eu não consigo entender como é que essa gente que se pretende investidor, amigo de investidor, da livre iniciativa, ainda cogita de votar no Bolsonaro. Porque eles estão atirando contra o próprio pé, no mínimo”, critica. 

Posteriormente, Dino explica que, sem segurança jurídica o mercado perde valor internacional. “O cara do agro: ele produz soja, e o que ele vai fazer com a soja? Exportar, ele não tem o que fazer com a soja. Um país isolado, desmoralizado, descredibilizado, vilão ambiental, um país sem relações diplomáticas sólidas… a soja pode ser fortemente sancionada ao longo do tempo”, diz. 

Mais do que defender a democracia, Flávio Dino pontua que é preciso torná-la concreta. “quem defende o agro, quem defende a exportação brasileira somos nós. Quem defende a liberdade religiosa somos nós, porque defendemos liberdade religiosa para todos. Quem quer religião oficial no Estado e que, portanto, persegui as outras religiões é essa gente extremista. Defensor de família somos nós, que queremos fazer creche para as crianças. Precisamos colocar nestes termos, ou seja, tangibilizar a agenda democrática para que as pessoas visualizem a agenda democrática, isso não é uma questão simbólica”, pontua Dino. 

Se realmente fossem adeptos das teses liberais, raciocina o senador, os representantes do mercado jamais apoiariam o presidente. “Se os amigos da Faria Lima pensassem com a cabeça liberal, se conseguisse ler um livro liberal, ia entender que o Bolsonaro é uma ameaça ao mercado, exatamente porque ele é um proto-ditador e no segundo mandato vai fazer o controle do Supremo… Vai existir legalidade no Brasil com um ditador? Com ditadura existe lei? Não, na ditadura existe a vontade pessoal do ditador que pode ser, com um desatinado como o Bolsonaro, depender do tipo de pesadelo que ele teve durante a noite. Eu espero que os amigos do mercado pensem nisso”, conclui. 

Confira abaixo a íntegra da entrevista:

Compartilhe!

Fonte: Socialismo Criativo