Deformação completa do sistema”, afirma Carlos Siqueira sobre entrada de PP e Republicanos no governo

11/09/2023 (Atualizado em 11/09/2023 | 13:20)

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, classificou como “deformação completa” o ingresso de partidos do Centrão, como PP e Republicanos, na Esplanada dos Ministérios. Siqueira criticou a perda de espaço do PSB, que esteve com o presidente Lula desde a pré-campanha, colaborando inclusive para seu êxito nas eleições, mas reiterou que o apoio dos socialistas é ideológico.


“É estranho e antipedagógico, sobretudo para o eleitor. Os partidos que o presidente Lula colocou agora se empenharam de maneira muito intensa, em primeiro e segundo turno, para apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro. E quase derrotam [Lula]. O Republicanos com uma mobilização intensíssima dos seus pastores e de toda a igreja, e toda a sociedade conservadora, e de igual modo o partido PP”, afirmou em entrevista à Globonews, na noite deste domingo (8),


“Como digo e repito, essa mudança é antipedagógica para o eleitor. O eleitor não há de compreender, porque votou num partido que era oposição e que agora está no governo. E não [estamos falando] em uma oposição qualquer, é uma oposição de um governo de extrema-direita”, declarou. “Eles tentaram eleger Bolsonaro, os presidentes desses partidos [PP e Republicanos] não estão apoiando o governo Lula. Nós fizemos o contrário, nós apoiamos desde sempre, desde a pré-campanha, e não exigimos nada”.


Sobre o argumento de que o espaço do PSB no governo era desproporcional ao tamanho do partido, Siqueira disse que “não se faz política como matemática, contando números”. “O presidente Itamar Franco também fez um governo de coalizão. O PSB era menor, tinha apenas um senador, e nós tivemos o Ministério da Saúde, completo, e o Ministério da Cultura. De forma que a coalizão que foi feita também pegou uma crise política e econômica, não tão profunda, mas a democracia estava nos seus primeiros anos. Tinha gente de muitos partidos, era quase um governo de união nacional. Mas era um governo com mais cuidado nessa questão que acontece hoje no Brasil”, afirmou.


Para o presidente do PSB, mesmo na América Latina, é impensável que as oposições façam parte dos governos. “Por exemplo, no Paraguai, na Argentina, nossos vizinhos, é impossível pensar a oposição perdendo as eleições e estarem no governo. Se amanhã ganhar o Milei na Argentina, seguramente ninguém verá um peronista no governo dele”, disse.



Em resposta ao jornalista Gerson Camarotti, que perguntou se seria possível Lula governar sem partidos do Centrão, Siqueira afirmou que parlamentares desse campo vinham votando com o governo em projetos cruciais, como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária. “Eu não sou convencido, para ser franco, por esse argumento. O governo está com seis meses, ele já fez até mudanças na Constituição sem que esses partidos estivessem no governo”, afirmou.


Siqueira foi enfático ao defender uma mudança no sistema político do país, que, segundo ele, tem produzido “deformações profundas”, como a ascenção de Jair Bolsonaro ao poder, além da entrada de PP e Republicanos no governo. “Essa reforma é estranha porque ela une coisas diferentes. Eu tenho a concepção de que em uma democracia minimamente consolidada, não precisa nem ser na Europa ou nos Estados Unidos, mas aqui mesmo na América do Sul, quem decide quem vai para a oposição ou para o governo é o eleitor e não o político. É estranho, é uma deformação completa e absoluta, do nosso sistema democrático, essa forma de fazer coalizão”, disse.

Fonte: Ascom PSB Nacional