Preços disparam e governo Bolsonaro aumenta previsão de inflação para 8,4%

16/09/2021 (Atualizado em 17/09/2021 | 09:37)

Foto: Bruno Torturra / Divulgação
Foto: Bruno Torturra / Divulgação

A disparada dos preços, que elevou o preço do litro da gasolina para R$ 7 e o quilo da carne a R$ 50 em muitas regiões do país, obrigou o governo rever a previsão de inflação para cima, o que deve estrangular o orçamento nas contas de 2022.

Nesta quinta-feira (16), o Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, subiu mais de dois pontos a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), elevando a estimativa da inflação para 2021 de 6,2% para 8,4%.

Segundo dados do IBGE, nos últimos 12 meses a inflação acumula alta de 9,6%, se aproximando dos dois dígitos.

A equipe de Guedes, no entanto, manteve a previsão de alta de 5,3% no Produto Interno Bruto (PIB), que já foi abandonada por muitos analistas após o recuo no último trimestre, de 0,1% – alguns apostam que a economia não deve crescer nem mesmo 1% em 2021, após retração de 4,1% no ano passado.


Contas estranguladas

O aumento de previsão de inflação vai impactar diretamente no orçamento de 2022, que foi projetado tendo como base uma inflação de 6,2% neste ano.

Para cada 0,1 ponto percentual adicional de INPC, o governo estima que seus gastos seriam ampliados em R$ 790 milhões no ano.

Com a nova perspectiva inflacionária, o gasto adicional deve ser de R$ 17,4 bilhões em 2022, que pode estourar o teto de gastos previstos para o próximo ano.


Caristia dos alimentos, com destaque para a carne

A inflação registrada somente em relação às carnes frescas, no período de julho de 2020 a junho de 2021, foi de 38%, segundo o acumulado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A drástica redução do consumo de carnes que vem ocorrendo no Brasil, provocada por razões econômicas, visto que o produto sofreu um enorme aumento de preços, acendeu o sinal vermelho para uma potencial agravamento e crescimento de casos de anemia ferropriva em crianças de 0 a 5 anos.

Os dados, mesmo antes da explosão inflacionária, já eram alarmantes no país, como mostra um estudo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar): uma em cada três crianças nessa faixa etária está anêmica.

Fonte: Plinio Teodoro para Socialismo Criativo