Preço médio do gás de cozinha ultrapassa R$ 100 pela primeira vez; gasolina sobe 3,3%

19/10/2021 (Atualizado em 20/10/2021 | 12:01)

Foto: Reprodução
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Pela primeira vez em 2021, o preço médio do gás de cozinha ultrapassou os R$ 100, segundo os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em algumas regiões, como no município de Sinop, no Mato Grosso, foi encontrado a R$ 135 na semana entre 10 e 16 de outubro. Na média, o preço ficou em R$ 100,44.

Nas duas últimas semanas, também de acordo com a ANP, o aumento do preço médio da gasolina vendida nos postos do país foi de 3,33%, passando de R$ 6,117 para R$ 6,321. No ano, a alta acumulada é de 40,9%.

Na região Norte, foi encontrado o maior valor médio de preço do botijão de 13 quilos: R$ 106,10. No Centro-Oeste chegou a R$ 105,40, no Sul a R$ 103,67, no Sudeste a R$ 98,86 e, no Nordeste, o preço médio ficou em R$ 98,34.

Já em relação à gasolina, o preço mais alto continua sendo registrado em Bagé, no Rio Grande do Sul, a R$ 7,499 o litro. O mais baixo foi encontrado a R$ 5,299 em Cotia, São Paulo.

O preço do botijão de gás é o maior do século quando relacionado ao salário mínimo, atualmente em R$ 1.192,40. O valor médio, de R$ 100,44, corresponde a quase 9% do salário mínimo. A partir de 2006, durante o governo Lula, a relação caiu para menos de dois dígitos e chegou a 5,7% em 2015.

Bolsonaro, para justificar os aumentos, coloca a culpa nos governadores, informando que a alta se deve ao ICMS, imposto cobrado pelos estados. Esse argumento, no entanto, não passa de mais uma fake news do presidente.

Petrobras defende política de preços e caminhoneiros falam em greve

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, representantes da Petrobras defenderam a atual política de preços de combustíveis baseada no valor do barril de petróleo no mercado internacional e do dólar. Já os representantes dos caminhoneiros anunciaram tendência de nova greve, a ser decidida em reunião nacional prevista para o dia 16, no Rio de Janeiro.

O debate ocorreu nesta quarta-feira (13) em audiência virtual da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (Cdeics), que também contou com representantes do governo, petroleiros e empresários de vários setores.

O principal objetivo era encontrar soluções para os constantes reajustes nos preços dos derivados de petróleo. Apesar de muitas críticas à chamada política de paridade internacional (PPI) em vigor desde o governo Michel Temer, o gerente geral de comercialização no mercado interno da Petrobras, Sandro Barreto, disse que a PPI garante o pleno abastecimento ao País.

“Essa referência no mercado internacional é fundamental para que o mercado siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento. Temos vários atores. O Brasil importa grande quantidade de diesel, gasolina e GLP e esses atores fazem parte da cadeia de suprimento”, explicou.

De janeiro a setembro deste ano, os preços de revenda registraram aumentos de 28% no diesel, 32% na gasolina e 27% no GLP, segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep). A perspectiva é de manutenção dessa tendência de alta devido às flutuações no preço internacional do barril de petróleo.

Greve

O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, afirmou que a atual situação é mais grave do que a registrada na greve dos caminhoneiros de 2018. A categoria reclama de “descaso” e pode optar por nova paralisação na reunião do dia 16, segundo Plínio Dias, presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC). “Muitos caminhoneiros não conseguem nem voltar mais para casa, porque os combustíveis levam de 70% a 80% (da renda). E outros 15% são levados pelo pedágio. Então, fica aqui a nossa indignação. Ninguém quer uma nova data de paralisação, mas o caminho está sendo para isso”, afirmou.

Diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Mário Dalzot chegou a pedir investigação da Polícia Federal e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) quanto a suposto “conluio” e “cartel” de gestores da Petrobras com empresas importadoras. Já os representantes do governo afirmaram que os preços dos derivados de petróleo sobem no mercado interno devido a alta das commodities, desvalorização cambial do Real, tributação do ICMS e perfil importador do Brasil.


Fonte: Carolina Fortes para o Socialismo Criativo - Com informações da Agência Câmara de Notícias