Como o socialismo criativo pode desenvolver o país?

11/01/2022 (Atualizado em 11/01/2022 | 11:30)

Como dar conta dos novos desafios que se impõem ao desenvolvimento do país e das potencialidades de cada indivíduo? Para o Partido Socialista Brasileiro (PSB) a resposta está em um conceito moderno: o socialismo criativo. Um conceito que pressupõe a garantia da democracia e da liberdade para se desenvolver.

O socialismo criativo defendido pelo PSB compreende, necessariamente, a adoção de políticas públicas que promovam o crescimento e a prosperidade e, ao mesmo tempo, o acesso justo aos frutos do desenvolvimento. O que deve ser conquistado mesmo antes da superação do capitalismo.

O socialismo criativo é uma resposta às profundas mudanças disruptivas das forças de produção, a partir da revolução tecnológica que acelerou radicalmente os ciclos de inovação.

Para fazer frente à tantas mudanças no capitalismo que, sem dúvida é criativo – capaz de exportar culturas e modos de vida -, os socialistas defendem que só pode ser superado por um socialismo tão ou mais criativo.

“A geração de valor das mercadorias e a formação de capital, antes determinadas pelos bens de investimento em capital fixo, estão sendo substituídas pelos investimentos em inovação e criatividade”, pontua o PSB em sua Autorreforma.

Mais que a economia criativa, o socialismo criativo incorpora os conceitos de inovação no seu sentido mais amplo, a sustentabilidade ambiental e o empreendedorismo como uma das formas de organização do trabalho.

“Se a criatividade capitalista tem como objetivo principal a ampliação do mercado e lucro, a criatividade socialista deve ter como objetivos a ampliação, na sociedade, dos espaços de liberdade, o atendimento das necessidades básicas e fundamentais, o bem-estar e a felicidade das pessoas”, enfatiza o texto.

Processo de desenvolvimento socialista

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, explica que o Socialismo Criativo é um processo de desenvolvimento de curto, médio e longo prazo.

“Precisamos começar agora, mas vê-lo lá na frente. Saber onde investir, que mão-de-obra devemos formar, que tipo de tecnologia é preciso buscar. Se houver isso, o desenvolvimento vai muito bem”, afirma o dirigente socialista.

Ele cita o exemplo da China, que ao fazer sua a revolução, em 1949, era um país “muito mais atrasado que o Brasil e agora é a segunda potência mundial”.

“É preciso haver tenacidade, conhecimento, estudo, capacidade e, sobretudo, decisão política, se não, não se realiza nada significativo”, avalia Siqueira.

Para isso ser possível, ele defende a importância das políticas de Estado.

“O que colocamos no papel (na Autorreforma) é plenamente possível de desenvolver no curso da revolução processual por diferentes forças políticas, desde que queiram ter responsabilidade e desenvolver o país. Para isso, não se pode ter preconceito com nenhuma força política”, destaca.

Socialismo criativo na prática

Para o líder da Oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), um bom exemplo de como o socialismo criativo pode – e deve – ser aplicado é na geração de energia limpa.

No caso da energia eólica, exemplifica Molon, é preciso construir hélices, turbinas e hastes, entre outros. O Brasil, entretanto, só produz as hastes.

“Não seria o governo, por meio do BNDES, que deveria estimular o financiamento para a produção de hélices e turbinas?”, questiona.

O mesmo vale para os equipamentos necessários para a produção de energia fotovoltaica. Ambas são energias limpas, renováveis e capazes de aliar o desenvolvimento de produtos de ponta que movimentariam a economia do país ao mesmo tempo em que utilizam as potencialidades que o Brasil já possui em abundância.

O ex-deputado constituinte, integrante da Executiva Nacional do PSB e coordenador do site Socialismo Criativo, Domingos Leonelli, explica que “para nos integrarmos à nova era do conhecimento e da Economia Criativa” é preciso trabalhar em um modelo de socialismo “que mantenha o seu DNA igualitário e humanístico, mas se adapte às novas formas de produção”.

“O nosso socialismo criativo deverá se constituir na dimensão humana do desenvolvimento das forças produtivas e da revolução tecnológica. A favor do trabalho, da vida e da liberdade”, propõe.

Essas ações devem culminar no que Leonelli define como objetivo de longo prazo: a construção de uma sociedade socialista, democrática, sustentável e baseada no respeito à diversidade política, cultural, racial e de gênero.

“Para que isso seja conquistado democraticamente em processos eleitorais e de mobilização da sociedade, precisamos cumprir etapas de curto e médio prazo no âmbito da sociedade capitalista brasileira, visando desenvolver a economia criativa, modernizar a política, inclusive, a nossa militância socialista”, pontua.

O presidente do PSB do Distrito Federal, Rodrigo Dias, quando questionado sobre o que o socialismo representa em sua vida, diz que “é você olhar para as grandes assimetrias das cidades e suas desigualdades sociais e acreditar que isso não é justo! Então você passa a buscar escolhas que trazem mais oportunidades para igualdade entre as pessoas e não apenas para uma parcela pequena da população”, explicou.

Dias exemplifica como o socialismo impacta positivamente na vida das pessoas é o Sistema Único de Saúde (SUS).

“O que seria da população na pandemia, diante desse governo negacionista, se não fosse o SUS, que atende a todos da mesma maneira?”, questiona ao defender que é um modelo a ser replicado em todas as áreas.

Fonte: Socialismo Criativo