Pecado, crime e doença. Essas três palavras estiveram por
muito tempo no cotidiano e na trajetória das pessoas LGBTs. Há exatos 30 anos,
a Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou oficialmente
que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio”. Foi a partir
desta decisão tão importante que dia 17 de maio torna-se o “Dia de Combate a
LGBTfobia”.
Infelizmente vivemos em uma era em que o ataque a liberdade,
a cidadania e a dignidade da população LGBT são ceifadas todos os dias. Tanto
pelo poder público alinhado a LGBTfobia Institucionalizada, na qual o
ministério (da Mulher, Família e Direitos Humanos) que deveria trabalhar com
essa população possui uma ministra que acredita em ‘cura gay’”, quanto nas ruas
onde o Brasil ocupa tristemente o primeiro lugar no ranking dos países que mais
matam LGBTs no mundo. A LGBTfobia está integrada no DNA da humanidade, e
enquanto ignorarmos a dor daquelas pessoas que sofrem sobre sua opressão, nunca
iremos escapar dessas origens.
A única salvação que
a população LGBT possui é o direito à cidadania, ao respeito e a igualdade e
tudo isso é negligenciado, o que significa que a promessa dos direitos
igualitários nunca foi cumprida. Devido ao fracasso do nosso sistema político,
a nossa câmara federal e o senado em particular, pessoas LGBTs morrem no nosso
país todos os dias. Fracasso este que permitia que pessoas LGBTs fossem
impedidas de doar sangue, fossem impedidas de casar e construir seus lares.
Alguns podem afirmar que a ditadura militar terminou, mas diga isso as
Travestis que são mantidas na vulnerabilidade e que ouvem todos os dias de uma
parcela da sociedade que não possuem direito algum, pessoas como Dandara no
Ceará e Matheusa no Rio de Janeiro que foram mortas com requintes de crueldade
e que foram degradadas a subclasse da existência humana no nosso país.
Felizmente o Supremo Tribunal Federal (STF), tem tentado reparar algumas dessas
desigualdades, bem como a criminalização da LGBTfobia equiparando ao crime de
racismo, a doação de sangue por homossexuais, principalmente em um período
delicado de Pandemia Mundial, permitindo que pessoas LGBTs também possam
exercer a cidadania e a humanidade ao realizar uma doação de sangue.
Contudo, muito ainda precisa ser feito, para que a população
LGBT consiga alcançar a igualdade. É neste país que realmente queremos viver?
onde o amor ao próximo e o direito de ser quem somos, de assumir a nossa
identidade de gênero é negligenciada? A OMS declarou em 1990 que a
homossexualidade não é doença, já fazem 30 anos acreditem. Vamos finalmente
garantir direitos iguais a todos os nossos cidadãos.
Thiago Abreu - Secretário Estadual do Movimento LGBT do
PSB/RS
Coordenador Sul Regional da Art Jovem LGBT Nacional
Mestrando da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Fonte: Comunicação PSB RS