CPI da Pandemia: avalanche de requerimentos no primeiro dia

28/04/2021 (Atualizado em 29/04/2021 | 12:11)

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O primeiro dia da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado Federal teve uma avalanche de mais de 170 requerimentos de senadores. Há pedidos de informação sobre medidas para enfrentar a crise sanitária, além de convites e convocações para depoimentos. Os pedidos precisam ser pautados pelo presidente eleito do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), para serem apreciados pela comissão.

A CPI iniciou os trabalhos nesta terça-feira (27) e vai investigar a condução do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) no enfrentamento à pandemia da Covid-19. A comissão também vai se debruçar sobre a aplicação de recursos federais no combate à crise sanitária por estados, Distrito Federal e municípios.

CPI quer ouvir ministro e ex-ministros da Saúde

Os requerimentos apresentados pelos senadores abrem caminho para uma devassa na atuação do governo federal, mas não deixaram de lado as ações em estados, DF e municípios.

Entre os requerimentos, há pedidos para que sejam ouvidos o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e os três antecessores, Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello. O ex-secretário especial de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten também está no rol de convocados.

Há ainda pedidos para convocação do ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Wagner Rosário; do presidente da Pfizer no Brasil; do presidente da União Química no Brasil, fabricante da vacina russa Sputnik V; dos presidentes do Instituto Butantan e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e dos embaixadores da China e da Rússia.

Compra de vacinas e auxílio emergencial

A compra de vacinas e auxílio emergencial foram alvos de pedidos de informação destinados aos ministérios da Economia e das Relações Exteriores e para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conasems).

 

Os pedidos solicitam informações sobre o fornecimento de respiradores, EPIs (equipamentos de proteção individual), “kit intubação”, abertura de leitos, fornecimento de oxigênio, aquisição de vacinas, seringas e distribuição de cloroquina para o chamado “tratamento precoce”.

Foi pedido ainda o compartilhamento de dados obtidos na CPMI das Fake News que tenham relação com o enfrentamento à Covid-19.

CPI da Pandemia se debruçará sobre crise em Manaus

A crise no fornecimento de oxigênio hospitalar em Manaus (AM) foi o foco de ao menos cinco requerimentos, vindos tanto de senadores da oposição como de governistas.

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pediu todos os documentos sobre o tema, entre os seus no mínimo 45 requerimentos, enquanto Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu que sejam convocados os gestores de Manaus.

“É fato público e notório que Manaus está em colapso com o avanço dos casos de Covid-19: as internações e os enterros bateram recordes, as unidades de saúde ficaram sem oxigênio e pacientes estão sendo enviados para outros estados. Lotados, os cemitérios precisaram instalar câmaras frigoríficas.

No dia em que a CPI da Pandemia iniciou os trabalhos, o presidente Bolsonaro disse, em conversa a apoiadores, que  “não errou em nada” na crise do coronavírus.

O chefe do Executivo voltou a defender a vitamina D como tratamento eficaz contra a Covid-19. “Eu não errei em nada [ao falar sobre a covid]. Eu não tenho bola de cristal nem chuto. Eu converso com as pessoas”, afirmou ele. “Quem frequenta a praia, [por exemplo], tem menos chances de ter problema”, acrescentou o presidente, citando a vitamina D.

Desde o início da pandemia, Bolsonaro também defende o tratamento precoce, sem comprovação científica, além de ter desautorizado acordos para a compra de vacinas em 2020.

Na conversa, o presidente voltou a criticar a imprensa ao negar que tenha minimizado os efeitos da Covid-19. “Apresente um áudio meu dizendo que ia ser uma gripezinha. Eu disse que, para mim, seria uma gripezinha”.

Há vários registros nos quais Bolsonaro se refere à Covid-19 como gripezinha. Além de insistentes indicações de uso de medicamentos sem eficácia comprovada e descaso com a dor das vítimas, que ele classificou como “frescura” e “mimimi”. O presidente também já chamou de “idiotas” quem cobra a compra de vacinas pelo governo.

Fonte: por: Iara Vidal / Socialismo Criativo