Brasil tem 1 órfão por covid-19 a cada 5 minutos; no mundo são 1,5 mi de órfãos

23/07/2021 (Atualizado em 23/07/2021 | 12:11)

Foto: Divulgação/Rio da Paz
Foto: Divulgação/Rio da Paz

Ao menos 113 mil crianças perderam o pai, a mãe ou ambos para a covid-19 entre março de 2020 e abril de 2021 no Brasil, de acordo com um estudo publicado pelo periódico científico Lancet. Se consideradas as crianças e adolescentes que tinham como principal cuidador os avós/avôs, esse número salta para 130 mil no país. Globalmente, a cifra ultrapassa 1,5 milhão de órfãos.

A pesquisa coletou dados entre 1º de março de 2020 e 30 de abril de 2021 em 21 países. Esse grupo de nações corresponde a 77% das mortes contabilizadas por covid-19. O país mais afetado foi o Peru, onde 10 crianças em cada mil perderam ao menos uma pessoa de referência primária (pai, mãe, tio, tia, avó, avô), totalizando 98.975 menores de idade. A publicação foi feita na terça-feira (20).

“Se você parar agora e contar até 12, é o tempo que basta para haver um novo órfão por covid-19 no mundo”, afirmou a cientista que liderou o estudo, Susan Hillis, pesquisadora de doenças infecciosas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).

Na sequência dos países que mais possuem órfãos por covid-19 aparecem África do Sul (cinco crianças a cada mil, totalizando 94.625) e México (três a cada mil, em um total de 141.132). O Brasil figura na quarta colocação, com duas crianças a cada mil e um total de 130.363 menores. Ainda sobre o Brasil, o estudo mostrou que 25.608 crianças perderam a mãe, 87.529 o pai, 13 ficaram órfãs de ambos, totalizando 113.150. Outras 8.567 perderam a avó e 8.577 o avô e 69 perderam ambos.

Transferência de renda para os órfãos

Hillis defende que haja inclusão imediata desses menores de idade em programas de transferência de renda para combater a vulnerabilidade financeira e social que vem junto com a orfandade. No Brasil, onde a maior parte dos órfãos – 87,5 mil – perdeu o pai, historicamente o “chefe” da família, o governo federal anunciou que planeja pagar uma pensão para órfãos inscritos em programas sociais, algo em torno de 68 mil crianças e adolescentes.

Mas nenhuma dessas propostas de auxílio saiu do papel ainda. “Nossos dados são muito claros em mostrar que o Brasil é o segundo país com maior número de órfãos, atrás apenas do México”, afirma Hillis.

“Só posso dizer que existe um chamado urgente para que o país previna mortes e se prepare para proteger as crianças que vão precisar”

Susan Hillis

Fonte: Socialismo Criativo - Com informações da BBC News Brasil e Opera Mundi