Artigo: Um novo DEP é preciso

31/05/2024 (Atualizado em 06/06/2024 | 16:55)

Por Airto Ferronato* 


Diante dos trágicos fenômenos climáticos que destruíram boa parte do Estado e da capital dos gaúchos, tornam-se latentes o alerta e o clamor por medidas urgentes de prevenção a alagamentos. Construído na década de 1970 com a finalidade de evitar inundações, o sistema contra cheias de Porto Alegre conta com 68 quilômetros de diques ao redor da cidade e, no centro, o Muro Mauá, com 2,8 quilômetros de extensão, três metros de profundidade, três metros de altura e 14 comportas de aço. 


Os diques e o muro cumpriram seu papel nessa enchente. Sem eles, a tragédia teria sido muito maior. O vazamento ou o rompimento de portões aconteceram por falhas na manutenção do sistema. 


Essa nova realidade de recorrentes enchentes precisa ser enfrentada. É urgente que o Estado assuma a dragagem do Guaíba e de seus afluentes. Também acredito urgente, a cargo da União, a construção de diques de proteção às cidades por eles banhadas.


Com relação ao que podemos fazer em Porto Alegre, é importante destacar que já fomos a única capital brasileira a contar com um órgão específico para cuidar da drenagem e combater os alagamentos: o Departamento de Esgotos Pluviais – DEP, lamentavelmente extinto em 2017. O DEP tinha em seu quadro dezenas de profissionais altamente especializados e com profundo conhecimento de drenagem urbana. Sua extinção foi um erro fenomenal e teve meu voto contrário na Câmara de Vereadores.


É preciso a criação de um novo DEP, um órgão público de primeiro escalão, com profissionais especializados na área. Estou propondo ao Executivo uma Secretaria de Manejo de Águas Pluviais Urbanas para cuidar dos 27 arroios da cidade, da macro e microdrenagem, da manutenção das 23 casas de bombas, dos diques, do Muro da Mauá e suas comportas e dos condutos forçados. As mudanças climáticas estão aí e precisamos priorizar a proteção da nossa cidade e da nossa gente.


Fonte: * Vereador de Porto Alegre e ex-diretor do DEP